sábado, 26 de janeiro de 2013

Zé Mané


Ele apareceu de repente, sentadinho no portão da garagem do meu prédio. Quando me viu, abanou o rabo. Em seguida, cheirou minhas filhas e tentou entrar no taxi onde meu filho mais velho estaria embarcando. Perguntei ao porteiro quem era o dono e ele me disse que não sabia. Desde cedo estava perambulando no jardim da portaria e logo enroscou-se nas pernas da minha mulher que, avisada pelas meninas, desceu para saber o que ocorria. Sua cara de pidão, apaixonante e carismática, seu olhar vagabundo, profundo e sedutor abalaram meu ceticismo. Desconfio, enfim, que esse tipo de ser nos é enviado para engrandecer nossas vidas e exercitar nosso dom afetivo. Três dias numa clínica veterinária, vacinas, exames, remédios, banho, sem pulgas, sem carrapatos, quase um ano de idade, segundo o pediatra, digo, o veterinário. Pronto. Agora tenho um cachorro. Que nos surgiu no dia em que 30 anos antes Garrincha foi driblar as estrelas. Claro, botafoguense que sou, topei adoção com uma única condição: vai se chamar Mané. Muito óbvio? Tá legal, tá legal: Zé Mané. Bem vindo, xará. Acho que quem está abanando o rabo sou eu.
José Guilherme Vereza

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